As melhores condições para a compra de imóveis — conseqüência da estabilidade econômica, da desburocratização do crédito e da queda de juros — abrem novas perspectivas inclusive para o mercado de luxo. É o que afirma o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Rogério Chor, segundo quem, não há milagres: para oferecer condições de pagamento mais atraentes, as empresas precisam fazer o que ele chama de “ajustes de preços”:
— Se, antes, cobrávamos 40% do valor do imóvel durante a obra; hoje, cobramos 20%. É claro que algumas pessoas, que não podiam comprar esse imóvel, passam a ter facilidades. Obviamente, essas facilidades fazem com que as empresas ajustem seus preços para compensar isso. Por outro lado, é claro que, se um comprador fizer uma oferta de pagamento à vista, terá bons descontos.
80% dos imóveis usados de alto padrão são pagos à vista
O corretor Paulo Cesar Ximenes, especializado no mercado de luxo, ressalta que o crédito está sendo procurado por todos os segmentos. Atualmente, diz ele, 80% dos negócios de alto padrão são fechados à vista, quando se trata de imóveis usados. No caso dos vendidos na planta ou em construção, 25% dos negócios são fechados à vista ou num prazo de até 18 meses. Mas, com a concessão de financiamento menos burocrática e com juros baixos, esse público enxerga a oportunidade de diversificar seus investimentos:
— Mesmo entre o público de padrão de vida elevado, o imóvel pode corresponder a 50% do patrimônio de uma família.
No caso do segmento de imóveis econômicos, Chor acredita que não haja espaço para a alta desenfreada de preços, já que há tanta oferta. Além disso, diz o presidente da Ademi, hoje as construtoras estão interessadas em ganhar na velocidade de vendas:
— É claro que, se puder, o construtor vai querer ter um lucro maior, mas é mais interessante vender tudo rapidamente. O aumento dos preços de imóveis populares só ocorrerá no caso de supervalorização dos terrenos ou de alta do custo da construção civil.
Com prestações na faixa de R$200, as construtoras querem atrair quem ganha a partir de 3,5 salários mínimos (em torno de R$1.200) e ainda paga aluguel. O presidente da Patrimóvel, Rubem Vasconcelos, diz que é o fim dos conjuntos habitacionais para a baixa renda.
— As construtoras estão empenhadas nesse segmento — afirma Vasconcelos, adiantando que, em janeiro de 2008, fará um grande lançamento em Belford Roxo, com unidades de dois e três quartos, com preços a partir de R$70 mil.
Em 2008, R$50 bilhões para as novas moradias
De acordo com os especialistas, em 2008, essa pujança do mercado imobiliário vai continuar: serão investidos somente em lançamentos residenciais no país cerca de R$50 bilhões, segundo previsões da Cyrela. Isso representa 40% acima do negociado este ano, quando as principais cidades do Brasil se transformaram em canteiro de obras. Para se ter uma idéia, é dinheiro suficiente para erguer uma cidade com duas mil torres de edifícios de classe média.
Ou, ainda, colocar no mercado 600 mil apartamentos populares de uma só vez.