Para quem é criado na Mooca, a ideia de abandonar o bairro na fase adulta dificilmente passa pela cabeça. A comerciante Tatiara Eloy, que vive há 23 dos seus 24 anos por ali, não fugiu à regra. Quando decidiu comprar seu primeiro imóvel, logo resolveu: só se mudaria se encontrasse uma casa térrea no bairro da zona leste.
“Eu sabia que a única chance de achar o que eu procurava era optar por um imóvel usado, já que nos poucos terrenos que ainda existem por aqui as construtoras só querem saber de fazer prédios”, conta. Desde abril, a comerciante visitou 20 imóveis para poder, enfim, encontrar seu novo lar: uma casa de dois dormitórios que custou R$ 270 mil.
Se tivesse começado a busca pelo imóvel em 2009, provavelmente Tatiara teria menos opções à sua escolha e talvez se frustrasse. Porém, para sorte dela, a oferta de unidades usadas na cidade hoje é 51% maior do que no primeiro semestre do ano passado, como mostra levantamento da imobiliária Lello.
“Com o recorde no número de lançamentos na capital, as pessoas que se mudam para os imóveis novos colocam os usados à venda e assim movimentam o mercado”, explica Roseli Hernandes, diretora da Lello Imóveis. Ela argumenta que o aumento da oferta de usados traz novas opções de compra em áreas da cidade já saturadas – justamente como aconteceu com Tatiara.

Além de serem as únicas alternativas restantes nos bairros mais badalados, muitas vezes os usados também são a opção mais barata. O professor Flavio Henrique Ricordi, de 33 anos, que também quer comprar um imóvel na Mooca, fez a comparação na ponta do lápis: enquanto o metro quadrado dos lançamentos não sai por menos de R$ 4 mil, nos usados a média é R$ 3,5 mil.
“No final das contas, para quem pretende comprar um imóvel de 90 metros quadrados como eu, a diferença fica bem grande”, declara o professor. “Além do custo, outra vantagem do imóvel usado é que você está vendo o que vai comprar. Não há surpresas, não se trata de uma maquete”, argumenta.
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