Algumas cores podem parecer estranhas num móvel, principalmente se ele for antigo, de estilo clássico. Imagine um daqueles armários da vovó laqueado de amarelo-ovo brilhante. Pois existe um assim, na Le Lis Blanc Casa, no Shopping Leblon, e as vendedoras já perderam a conta de quantas clientes fizeram ofertas pela peça. Mas ela não está à venda. Integra a decoração da loja, assinada por Sig Bergamin. Para profissionais da área, dar cara nova a um móvel antigo, pintando-o de um tom, digamos, fora do comum, torna qualquer ambiente especial.

É o que diz a empresária Lalla Bortolini, dona da loja de móveis e acessórios que leva seu nome. Em sua casa de veraneio, em Búzios, Lalla tem vários móveis antigos pintados de verde-limão, azul-turquesa e de outras cores vibrantes. Na loja, há uma mesa indiana de madeira maciça, da época em que a Índia era colônia inglesa, que ficou vermelha:
— Por ser indiana, escolhi uma cor quente. Semana passada, peguei duas bases de ferro antigas, trazidas da Provence, mandei fazer tampos de pinho-de-riga e pintei de azul-turquesa envelhecido. Vendi imediatamente.
Para quem gosta de misturar clássico e contemporâneo

Para Carole Chueke, dona da Illiá, esse é o tipo de móvel que surpreende. A loja está vendendo uma estante de banheiro, com espelho, pintada de roxo e dourado.
— É um móvel da década de 70, inspirado em móveis de época, de estilo romântico. Olhei para ele e imaginei com uma cor mais forte. Como é uma peça delicada, a combinação caiu bem, não ficou parecendo excessiva. E, com uma cor clarinha, ele seria pouco expressivo.
O preto também pode fazer a diferença, como mostra uma cadeira Luís XVI, da Sierra, estofada com tecido toile de jouy — estampa usada, normalmente, em móveis provençais, com pintura branca ou outras cores claras.
— O preto causa certo estranhamento, mas é o que torna a peça especial, exclusiva. É uma opção para quem gosta do clássico, mas não abre mão do ar contemporâneo — diz Sonara Gonçalves, gerente da loja do CasaShopping.