Os imóveis econômicos foram descobertos recentemente pelo mercado, que percebeu uma superoferta de imóveis de médio e alto padrão e voltou os olhos para a demanda existente na base da pirâmide social da cidade. Algumas incorporadoras, como a Cyrela, só começaram a investir no mercado há três anos, após sua abertura de capital. Antes, sua atuação se restringia aos médio e alto padrões.

A incorporadora aproveitou os benefícios dos anos do boom e consolidou sua atuação no segmento esse ano, ao dar vida própria para sua marca no segmento, a Living. ?Em 2008, o segmento econômico representou 30% do total de empreendimentos da Cyrela em 2008. Nossa expectativa é que nesse ano represente até 50%?, afirma Antonio Guedes, diretor geral da Living Construtora.
Ele cita o programa habitacional do governo como acelerador. ?Sem ele, iríamos manter a expectativa de 30%, mesmo com a crise, mas houve mais incentivos, financiamentos e subsídios?, explica Guedes.
Nos três primeiros meses do ano, a Cyrela lançou dois empreendimentos em São Paulo, com 480 unidades. Até o fim de junho, serão mais seis no município e em Guarulhos.
O pacote habitacional também impulsionou o segmento econômico da Rossi, de até R$ 160 mil. ?Criamos uma linha de produtos no segmento no fim de 2007 e, até o fim do ano, iremos lançar três empreendimentos na Zona Leste, em bairros como Itaquera e Aricanduva e também na região metropolitana?, conta Rodrigo Martins, diretor do segmento na incorporadora.
Maurílio Scacchetti, diretor comercial da Habit casa, marca de imóveis econômicos da Lopes, com unidades de até R$ 150 mil, confirma o foco no segmento. ?Esse ano há um investimento maior por parte dos incorporadores nesses tipos de empreendimentos, que representaram 40% das vendas da Lopes no trimestre. São apartamentos com dois ou três dormitórios e 45 m² a 65 m² , a maior parte na periferia da cidade.?
A Lopes comercializou 3 mil unidades no município dentro dessa faixa de preço no período, 40% delas na Zona Leste da cidade, em bairros como Itaquera.
NÚMEROS:
2.278 unidades foram lançadas na cidade até abril no segmento econômico;
38,7% dos lançamentos na Zona Leste estão na faixa de preço até R$ 200 mil;
4.215 lançamentos foram feitos na cidade.
EXPANSÃO CONTINUA – O próximo passo da expansão do mercado imobiliário na Zona Leste de São Paulo, após o boom de bairros como Tatuapé e Vila Prudente, começa em uma parte do próprio Tatuapé e Vila Carrão, passando por Penha, Vila Matilde, São Miguel Paulista, Artur Alvim até chegar a Itaquera, de acordo com Luiz Pompéia, presidente da Embraesp.
A principal diferença entre regiões já exploradas está no tipo de produto oferecido. Hoje, após um desenvolvimento intenso de verticalização, o Tatuapé, Vila Prudente e Mooca não comportam unidades com custo menor que R$ 400 mil, enquanto a nova região que desponta entre os lançamentos deste ano em direção à periferia ainda tem potencial de verticalização e valorização e são compostas, majoritariamente, por produtos no segmento econômico voltados para a classe média.
?Esses bairros possuem terrenos maiores com menor preço, que valem entre R$ 200 e R$ 500 por metro quadrado. Mais do que isso, empreendimentos de até R$ 200 mil são inviáveis?, explica Pompéia.
A vantagem da Zona Leste citada por Pompéia com relação a outras regiões, como a Sul, é o transporte público de qualidade, a exemplo do Metrô, que ainda não atinge a periferia da Zona Sul, servida por trens metropolitanos.
?O lucro de empreendimentos em bairros como Tatuapé e Mooca era significativamente maior do que nesses bairros. Mas nesse novo cenário econômico e ocupação desses bairros, eles se tornam uma opção atrativa.?
Com esses investimentos, o perfil desses bairros pode ser modificado. Pompéia cita a Vila Prudente, antes um bairro de classe média, que hoje atende a classes mais altas.