
Millôr Fernandes não sentou na poltrona Mole, do consagrado moveleiro Sérgio Rodrigues. Ele foi além. “Deitei e rolei”, contou o escritor na abertura do livro “Sérgio Rodrigues”, de múltiplos autores, lançado em 2001. Mas a obra do designer não se resume apenas a estética e conforto. E Millôr sabe bem disso. Na mostra “Sérgio Rodrigues – Um Designer dos Trópicos”, que começa nesta terça-feira na Caixa Cultural, as curadoras Verônica Rodrigues e Marta Micheli propõem uma releitura lúdica do Brasil a partir de uma seleção de 70 móveis. Também reservam uma surpresa para quem visitar a exposição: uma obra ecumênica, recém criada por Rodrigues para uma capela de Belo Horizonte.
“A ideia não é fazer uma retrospectiva do designer, mas sim expor um lado seu pouco conhecido. Um lado lúdico que permeia todo o seu processo criativo. A forma como ele trabalha com a madeira resgata momentos marcantes do Brasil e também revela episódios pessoais”, explica a curadora e filha do moveleiro, Verônica Rodrigues, que também é responsável pela autoria do projeto.

Cada peça é acompanhada de uma ilustração, feita pelo próprio Rodrigues. Os desenhos são uma interpretação do que sua filha vê em cada obra. Por exemplo: a famosa poltrona Mole, onde Millôr deitou e rolou, remete a uma mulher de barriga proeminente e seios fartos.
“É como a Dona Benta, figura típica brasileira, pronta para amamentar os filhos. O conjunto de banquinhos remete às florestas. Há também móveis que remontam aos tempos das caravelas. Eu interpreto as obras. Mas o meu pai, ao executá-las em desenhos, acaba enriquecendo ainda mais o trabalho com detalhes que só uma pessoa tão criativa como ele poderia fazer”, elogia Verônica.

Sérgio Rodrigues tem duas paixões: a criação e a madeira. Com elas, o moveleiro cria suas peças, orgânicas, artísticas, modernas e clássicas.
“Foi a madeira que despertou o meu lado criativo, quando era ainda adolescente. Mas comecei a aprender a fazer móveis durante a faculdade. Procuro trabalhar a técnica e a inspiração em conjunto. No entanto, a exposição, pelo olhar da Verônica, dá uma alma diferenciada às minhas peças”, afirma o designer.
Junto ao urbanista Lucio Costa, ao arquiteto Oscar Niemeyer e ao paisagista Roberto Burle Marx, Sérgio Rodrigues veio completar, com seu estilo essencialmente brasileiro, o interior das edificações da capital brasileira, que comemora 50 anos de fundação este ano.
Em constante atividade e renovação, até os dias de hoje, a obra de Sérgio Rodrigues está presente em importantes empreendimentos no Rio de Janeiro, desde a antiga Manchete ao moderno Hotel Fasano, entre outros estabelecimentos comerciais, institucionais e residenciais.
SERVIÇO:
Exposição “Sérgio Rodrigues – Um Designer dos Trópicos”
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3
Endereço: Avenida Almirante Barroso, 25 Centro (estação do metrô Carioca)
Telefone: 2544-4080/ 2544-1099/ 2544-7666
Visitação: de 10 de agosto a 19 de setembro de 2010 – de terça a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 21h
Lançamento do catálogo com visita guiada: 18 de setembro (sábado) às 16h
Classificação: Livre
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