O pacote da habitação nem foi anunciado e já sofreu sua primeira baixa. O governo desistiu de reduzir a zero o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre o material de construção, segundo informou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A informação surpreendeu o mercado, pois a medida era dada como certa.
O próprio ministro havia indicado na semana passada, em reunião com um grupo de empresários para avaliar a crise, que o corte do IPI poderia ocorrer esta semana, numa espécie de antecipação das medidas.
Não houve explicações para a reviravolta, mas a causa é evidente: a forte queda da arrecadação tributária em janeiro e fevereiro. Dados da área econômica, o recolhimento de impostos e contribuições este ano pode ficar de R$ 40 bilhões a R$ 64 bilhões inferior ao esperado. A ?zerada? do IPI sobre todos os itens de construção representaria uma renúncia de receitas de R$ 1,1 bilhão.
O governo se viu com o cobertor curto demais para incluir todas as “”bondades”” que pretendia no pacote. Por isso, precisou escolher: reduzir o IPI do material de construção ou reduzir o volume de dinheiro que sairá dos cofres públicos para garantir que os mutuários paguem prestações mais baixas (de R$ 15 a R$ 20).