
O mercado imobiliário está preocupado em oferecer produtos que estejam de acordo com o estilo de vida dos compradores. Conforme a mestre em Administração de Empresas e pesquisadora Sandra Pires de Almeida que recentemente concluiu um estudo sobre o tema, construtoras e incorporadoras têm investido em levantamentos que procuram descobrir quais são as necessidades e expectativas de quem está em busca do primeiro imóvel. “A última tendência é trabalhar com o perfil psicográfico do consumidor”, diz.
Segundo Sandra, anteriormente o foco das pesquisas de mercado era principalmente voltado à renda e à escolaridade das famílias. Os projetos eram baseados nos erros e acertos de experiências anteriores. Hoje, entretanto, há um esforço para entender os hábitos e os valores de quem vai morar em condomínio. “De cinco anos para cá, quem faz esse tipo de pesquisa acerta mais o gosto do consumidor.”
As necessidades dos moradores mudam conforme o momento de vida e o tamanho da família. A pesquisadora identificou quatro perfis de grupos: solteiros; jovens casais; famílias com filhos; e casais em união estável com filhos de casamento anterior. O imóvel ideal varia para cada perfil.
Em São Paulo, o grupo de solteiros acima de 30 anos tem chamado a atenção do mercado. “É um perfil estratégico de grande poder de compra. São pessoas que por opção moram sozinhas e, muitas vezes, na companhia de um animal doméstico”, observa a pesquisadora.
Quando escolhem um imóvel, as principais características que buscam são sala grande para receber visitas, pista de cooper e academia. Itens como uma suíte a mais, cozinha grande, salão de festas ou playground não influenciam na compra. “Nessa idade eles não têm filhos. O solteiro quer curtir a vida fora do condomínio”, afirma Sandra. Entre eles é unânime a preferência por morar em condomínios verticais.
No caso dos casais jovens, a busca é por um imóvel pequeno, de 54 a 60 metros quadrados. A sala grande deixa de ter tanta importância, mas a cozinha deve ser maior. “Para esse perfil é importante o imóvel ter um quarto opcional que possa virar quarto do futuro bebê”, diz Sandra. A segunda vaga na garagem é fator decisivo.
No entanto, esse é o perfil que tem grandes dificuldades no fechamento do negócio. “Muitas vezes, a renda dos dois juntos não atinge o valor suficiente para assumir um financiamento”, ressalta Sandra.
As famílias constituídas são outro nicho importante para o mercado. São elas que possuem o maior poder de compra, segundo a pesquisadora. Por isso, as exigências são maiores. Nestes casos, os filhos têm grande peso na decisão. “A família busca qualidade de vida”, diz Sandra.
Os ambientes das unidades devem permitir a independência dos filhos. Então, para as famílias é importante, por exemplo, que haja mais de uma suíte no imóvel. Os adolescentes querem espaços na área de lazer separada das crianças. Assim, surgem as lan houses e salões de jogos separados das salas de brinquedos.
Adaptações no condomínio para tornar pacífica a convivência entre animais domésticos e moradores são realidade em prédios voltados a todos os tipos de perfis. Áreas onde os bichos de estimação podem ser levados para passear e varandas maiores já fazem parte de grande parte dos novos projetos.
Para todos também a taxa de condomínio é decisiva. “É uma das variáveis de descarte para as pessoas que têm mostrado uma visão de investimento futuro.” Segundo a pesquisadora, há quem deixe de optar pela compra de um imóvel por causa de uma diferença de R$ 50,00 na taxa de condominial.