Os adiamentos do anúncio do pacote de habitação pelo governo têm sido motivados pela falta de medidas destinadas às famílias com renda até dois salários mínimos, responsáveis por 60% do déficit habitacional, ou seja, 4,7 milhões de moradias que faltam no país. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal O GLOBO, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria ficado insatisfeito com as propostas apresentadas até agora, que contemplam apenas a faixa de dois a dez salários mínimos.
Entre as propostas que estão sendo avaliadas para atender a população de baixa renda, destaca-se a necessidade de o governo federal dobrar os subsídios de R$ 2,5 bilhões atuais nos próximos dois anos. Isso se o número de famílias no corte mais baixo de renda a serem atendidas corresponder à metade das 500 mil novas moradias que o governo pretende ajudar a construir este ano e das outras 500 mil em 2010. Os recursos viriam do Orçamento da União, tendo em vista o altíssimo risco que o grupo representa para o sistema financeiro. Lula também determinou que seja feito um levantamento de imóveis da União que estão desocupados.
De acordo com uma fonte que está trabalhando no pacote, o argumento de que não há como reduzir o déficit habitacional sem atender a famílias com renda até dois salários mínimos – cobrindo parte ou totalmente o valor do imóvel com subsídios – vem sendo defendida pelo Ministério das Cidades e tem a simpatia do Palácio do Planalto, mas não da área econômica. Segundo técnicos da Fazenda, o pacote é voltado para geração de empregos, estímulo ao setor da construção civil e aumento do crédito. Para quem ganha até R$ 2 mil, seria preciso um programa social, cujo foco é diferente. A equipe econômica está fazendo os ajustes finais no pacote para anunciá-lo em breve.