
Há dois anos, o administrador imobiliário Marcos Peixoto finalmente encontrou um apartamento do jeito que queria, na Rua Prudente de Moraes, no coração de Ipanema. Mas, somente na hora de acertar toda a documentação, descobriu que o edifício tinha um nome pra lá de esquisito: Nhecolândia. Quase que o negócio foi desfeito. Sua mulher não queria morar num prédio com esse nome de jeito nenhum.
— Pensamos até em sugerir a mudança desse nome, mas depois que soubemos sua história, desistimos — conta Peixoto.
É que, apesar das piadinhas, neste caso, Nhecolândia não quer dizer terra do nheco-nheco: é, na verdade, uma homenagem a um município do Mato Grosso do Sul, que tem esse nome. Aliás, uma área considerada um santuário ecológico. A cidade, por sua vez, ganhara esse nome em homenagem a Nheco, apelido do filho de um barão da região: em 1864, Nheco, ou melhor, Joaquim Eugênio Gomes da Silva, defendeu o Brasil na Guerra do Paraguai e, ao voltar, reconstruiu o lugar, que fora saqueado e destruído.

— O prédio foi construído por dois irmãos que tinham uma fazenda nessa cidade — explica Peixoto, que já foi síndico do Nhecolândia e começará um novo mandato este mês.
O administrador imobiliário, aliás, chegou a compor um samba-hino para o edifício de dez apartamentos, quase todos ocupados por inquilinos e — não se sabe se por causa do nome — a maioria jovens:
— O prédio pode ter nome engraçado, mas provavelmente é o único que tem hino. Chama-se “Pedra Noventa”, expressão que significa gente boa.