
Quem pretende financiar um imóvel deve estar atento às possíveis mudanças no cálculo dos juros. As instituições financeiras querem que o governo federal altere a fórmula da Taxa Referencial (TR) – usada na composição dos juros do financiamento habitacional pós-fixado. Os bancos alegam que o indexador não acompanha a queda da Selic, taxa básica de juros determinada pelo Banco Central, o que poderá causar distorções no futuro.
“Existe um alerta por parte dos bancos para que a queda dos juros passe a ser refletida na TR”, afirma o diretor de Crédito Imobiliário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Natalino Gazonato.
Caso a revisão da TR ocorra, as modalidades de financiamento com taxa pós-fixada poderiam tornar-se mais atrativas, já que a tendência da Taxa Selic é de queda. “Seria mais justo para o mutuário”, diz Gazonato. Ele ressalta que a TR hoje está praticamente “travada”: “Durante um bom tempo, a taxa ficou em torno de 2,1 % (ao ano), mas antes essa distorção não estava transparente.” Para o executivo, com a queda consecutiva da taxa de juros, ficou claro que a fórmula deve ser revista.
Mas, na opinião de Gazonato, mesmo com uma possível revisão da fórmula da TR, o que deve ser levado em conta na hora de escolher entre financiamento com taxa pré ou pós-fixada é o perfil de disposição ao risco do mutuário. “Quem confia na economia do País, e acredita que a Taxa Selic vai continuar caindo, deve optar pelas taxas pós-fixadas.” Caso a previsão esteja certa, no fim do contrato, este mutuário será beneficiado com uma taxa de juro menor.
No entanto, caso ocorram situações que provoquem impacto e instabilidade na economia, como crises mundiais, os juros atrelados à TR deixam de ser atrativos. Dessa forma, a escolha por uma taxa pré-fixada pode poupar o mutuário de um indesejado aumento no preço das prestações.
“Quem é mais conservador, quer ter certeza de quanto vai pagar da primeira à última prestação e está disposto a pagar mais por isso; este tem a opção da taxa pré-fixada”, afirma Gazonato.
Hoje, os bancos já oferecem opções de financiamento com taxas pré-fixadas bastante atrativas. Mas elas ainda são um pouco mais caras do que o formato tradicional porque embutem nos juros a previsão de uma TR travada.
Produtos
Entre os bancos privados, o Santander foi um dos primeiros a lançar o produto, inicialmente com taxas em torno de 18%. Mas, com a entrada de produtos de outras instituições financeiras no mercado, o banco resolveu baixar os juros. Atualmente, o plano Supercasa 20 cobra 14% ao ano para imóveis a partir de R$ 40 mil.
No crédito com taxa pós-fixada, o banco oferece juros anuais de 7,95% mais TR nos primeiros 36 meses para imóveis de R$ 40 mil a R$ 120 mil; a partir do quarto ano, os juros sobem para 12%.
O Bradesco oferece taxa fixa para imóveis até R$ 350 mil de 13,5% ao ano, para financiamentos com prazo até dez anos, e de 14% ao ano para financiamentos até 20 anos. “A grande vantagem é que o cliente tem absoluta previsibilidade. Se fizer a conta e a prestação couber no bolso hoje, vai caber até o fim”, afirma o diretor de Empréstimos e Financiamento do banco, Alexandre Glüher. Na modalidade pós-fixada, o Bradesco oferece taxa de 8% mais TR ao ano nos primeiros três anos para imóveis até R$ 120 mil.
A linha Credimóvel, do HSBC, oferece taxa de 1% ao mês ou 12,68% ao ano para imóveis a partir de R$ 200 mil. “Esse produto foi o mais barato que conseguimos fazer”, afirma Roberto Sampaio, diretor de Crédito Imobiliário do banco. A taxa pós-fixada fica em 8% mais TR ao ano nos primeiros 36 meses para imóveis até R$ 100 mil.
No Unibanco, é possível financiar com taxa pré-fixada de 14%, para imóveis até R$ 350 mil, com 15 anos para pagar. “A escolha depende da personalidade da pessoa. Essa é uma opção para quem não quer apostar”, afirma Renato Ventura, superintendente de Negócios Imobiliários do banco.
Quem opta pelo financiamento tradicional paga juros de 8% mais TR para imóveis até R$ 120 mil nos três primeiros anos. Depois, o juro sobe para 12%. Acima de R$ 350, a taxa fica em 12,5% mais TR.