
Muita, muita luz natural, mas com controle da entrada do sol para garantir o conforto térmico no interior do prédio. Reaproveitamento das águas da chuva e eficiência máxima no uso da energia. Tudo isso num prédio de 56 mil metros quadrados, construído só com materiais reciclados ou recicláveis. Assim é o Edifício Cidade Nova, que será ocupado pela Petrobras, e foi inaugurado quarta-feira passada, no Centro do Rio.
Em processo de certificação pelo selo internacional Leed, que tem como missão avaliar se uma construção é sustentável, é o primeiro prédio verde pronto da cidade.
Com projeto do arquiteto Ruy Rezende, o prédio foi construído em dois anos pela Bracor Investimentos Imobiliários, em parceria com a Synthesis Empreendimentos. Rezende explica que os cuidados com o meio ambiente começaram na escolha de materiais:
— O projeto deu prioridade a insumos reciclados e recicláveis, sendo os materiais novos de empresas que convertem suas emissões de gás carbônico em créditos de carbono. Quanto à madeira, só entraram as certificadas. Além disso, tintas e colas deveriam ter baixa emissão de COVs (compostos orgânicos voláteis, que são gases corrosivos).
Pela geometria do terreno, localizado num quarteirão, há seis fachadas externas e quatro fachadas internas. Nelas, foram usados vidros que proporcionam elevado isolamento térmico e o sistema de dupla fachada — o grande pano de vidro externo protege a fachada interna, criando o efeito-chaminé (dirige o calor para o alto.
O objetivo era não só obter conforto térmico no interior do prédio, mas também em seu entorno, acentua o arquiteto:
— Os vidros de baixa emissividade também evitam a formação de ilhas de calor no entorno, assim como a aplicação de cores claras nas fachadas.

A eficiência energética, ponto notável do projeto, diz Rezende, foi conseguida focando no principal consumidor de energia do prédio — o ar condicionado, cujo consumo é responsável por 50% a 60% em uma edificação deste porte.
O uso predominante da iluminação natural, visando à eficiência energética, também foi uma das premissas do projeto.
— Isto foi obtido através de grandes planos de vidro nas fachadas internas e externas e da existência de um grande átrio central coberto por uma clarabóia de aproximadamente 900 metros quadrados — explica o arquiteto.
Já a racionalização do uso das águas se dá através da coleta das águas de chuva e de condensação do sistema de ar condicionado:
— Essa água é responsável pelo atendimento de 40% do consumo diário previsto, através do reaproveitamento em irrigação de jardins, lavagens e nas descargas de vasos sanitários. Além disso, foram usados mecanismos visando à redução do consumo, como por exemplo, torneiras temporizadas — ressalta Rezende.
O arquiteto lembra, ainda, que, durante toda a construção do empreendimento, houve a preocupação com o descarte do lixo e entulho, através de programas de coleta seletiva na obra e reciclagem de materiais. E o estacionamento também é verde: há vagas específicas para veículos com baixa emissão e para bicicletas. Uma forma de incentivar o uso de não-poluentes.
Poupando o meio ambiente
Material: Prédios sustentáveis optam por madeira certificada, tinta de baixa emissão de COVs e uso de material tanto reciclável como, se possível, reciclado.
Iluminação natural: Vidro nas fachadas e clarabóias economizam energia.
Conforto térmico: Uso de vidros que bloqueiam entrada de calor (de baixa emissividade). Aproveitamento da circulação do vento.