Para alguns, um paliativo para os problemas de vagas de estacionamento no Centro de Florianópolis. Para outros, um estímulo à utilização de carros pelas ruas altamente congestionadas da região. Enfim, para o bem ou para o mal, ainda este semestre, um edifício-garagem vai disponibilizar 256 vagas de estacionamento bem no coração da capital catarinense.
O local escolhido pela empresa I-Park, de Criciúma, no sul do estado, foi um terreno de 1,3 mil metros quadrados, ao lado da Catedral Metropolitana. A empresa não revela quanto investiu.
O diferencial está no modo de controlar o armazenamento e a entrega dos veículos pelos oito andares do edifício. Eles serão estacionados por três elevadores, ajudados por 15 robôs. A estrutura poderá guardar até três carros ao mesmo tempo e não levará mais do que 70 segundos para acomodar cada automóvel.
O diretor de tecnologia da I-Park, Paulo Guimarães, explica que o sistema é todo robotizado e não há interação humana. Não haverá funcionários para receber e entregar os veículos, nem para estacioná-los ou procurar as vagas disponíveis. Apenas para cobrar, se o cliente não pagar com cartão. O preço médio estimado será de R$ 5 a hora.
Como vai funcionar
A empresa trabalha desde 2007 no projeto. Guimarães afirma que o estacionamento robotizado não sequencial que possibilita estacionar mais de um veículo ao mesmo tempo é inédito no Brasil. E aponta outras vantagens do modelo.
Economia de energia, melhor aproveitamento dos espaços urbanos, não há poluição sonora, tem segurança e não há chances de o carro ser batido ou amassado garante.
Demanda atraiu investidor
O projeto da I-Park foi desenvolvido em parceria com o investidor criciumense Ricardo Brandão, que vê um campo em potencial em razão da demanda por vagas nas cidades.
O diretor de tecnologia da I-Park, Paulo Guimarães, aposta na verticalização como solução para casos de difícil estacionamento. A expectativa dele é de que se torne tendência nacional, em razão da necessidade de aproveitar o espaço das pistas de rolamento, consequência do crescente volume de veículos nas ruas.
De olho na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, a mesma tecnologia criciumense é projetada para ser instalada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas com número de vagas próximo de mil em cada edifício.
Contraponto
O coordenador do Curso de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lino Peres, diz que é preciso desestimular o uso de carro no Centro da capital catarinense e focar no transporte coletivo. Para ele, incentivar a construção de estacionamentos verticais vai na contramão desse objetivo e o empreendimento aumentará o fluxo no Centro. Pode acontecer também o aumento de filas, por exemplo, em horário de pico, quando os carros serão retirados ao mesmo tempo do estacionamento.
Florianópolis precisa investir na descentralização de serviços e não em novos empreendimentos no Centro da cidade. Temos que usar o Continente. exemplifica Peres, que também é coordenador de um grupo de estudo de mobilidade urbana sustentável.
Atualmente, o Centro de Florianópolis tem 8 mil vagas de Zona Azul. De acordo com o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), seria necessário criar mais 2 mil vagas para suprir a demanda de carros na região, que gira em torno de 200 mil por dia.
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