De medidas simples, como a escolha de espécies de plantas que não precisam de muita água para se desenvolver, à adoção das mais modernas descobertas científicas, como receptores de energia solar ultrafinos e potentes, a economia de recursos naturais ditará as regras das construções do futuro. Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, o “Morar Bem” mostra alguns produtos e sistemas que ajudam a tornar uma casa mais verde.

No quesito energia elétrica, uma série de tecnologias já permite considerável redução de consumo. Com sensores de presença, as luzes de uma casa nunca ficam acesas num cômodo em que não há gente. Se ainda é dia, as janelas ou cortinas se abrem automaticamente para aproveitamento máximo da iluminação natural. Sistemas de ar condicionado, divididos por zonas, também evitam que espaços vazios se mantenham refrigerados. Com a dimerização, planeja-se a intensidade da luz: ela fica mais forte apenas na parte do cômodo em que se está. Para um dois-quartos, implantar todos esses sistemas sai por cerca de R$10 mil.
— Os cenários de luz podem ser pré-programados através de um painel de parede. Com isso, é possível reduzir substancialmente o gasto com energia. Pesquisas mostram que o gasto com iluminação é maior do que qualquer outra fonte de consumo de energia — ressalta Cláudia Garcia, da Delmak, que comercializa a marca de iluminação Lutron, especializada em dimerização.
E as pesquisas não param, diz o arquiteto Marcelo Pacheco, da empresa de automação Casa do Futuro. Segundo ele, laboratórios americanos estão desenvolvendo uma tinta que vai acender quando energizada:
— Pode ser o fim da lâmpada: o morador acenderá o teto.

A energia solar, limpa, eficaz e renovável, é outra tecnologia que vem sendo adotada em casas e condomínios, reduzindo o uso de eletricidade no aquecimento de água e na geração de luz. Mas pode avançar muito.
— Pesquisas no campo da nanotecnologia poderão substituir os ainda espaçosos painéis fotovoltaicos por micro-receptores de raios solares — diz ainda Pacheco.
A utilização racional da água também começa a avançar. Além do sistema de captação da água das chuvas para fins não-potáveis, as empresas especializadas já estão implantando sistemas de filtragem para aproveitamento da água usada no chuveiro e no lavatório.
— É fácil de ser tratada — acentua Guilherme Cosentino, diretor da Cosch.
Rede elétrica inteligente fornecerá relatórios

Louças e metais também se tornam mais eficientes. Vasos sanitários têm dois estágios, com volumes de água menor ou maior, dependendo da necessidade, e torneiras de pia têm sensores para que funcionem só quando o usuário estiver com as mãos próximas. Há, ainda, artifícios como reguladores de vazão e arejadores, que dão a sensação de maior volume de líquido, o que acarreta redução de consumo. Pacheco antecipa que todos os eletrodomésticos de uma casa estarão conectados a uma “rede elétrica inteligente”:
— Isso permitirá a geração de relatórios do consumo de energia para controle.

Mas a sustentabilidade de uma moradia começa no projeto, e esses estudos também não são deixados de lado. A posição da construção no terreno e o planejamento de grandes vãos, por exemplo, são medidas que podem favorecer a circulação de ar. Tudo para economizar energia elétrica, já que o uso de ar condicionado será reduzido.
Até o jardim pode ser mais sustentável: o paisagista Sérgio Santana dá preferência ao uso de plantas nativas da região, pois não necessitam de muita irrigação, já que estão em suas condições climáticas ideais.

— As certificações verdes começam a aparecer e acho que, em breve, não se venderá uma unidade sem esse atestado de sustentabilidade. Será como vender um produto sem o selo do Inmetro — compara Pacheco.